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...Todo encontro É UM reencontro...

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

De busca-dor a Peregrino

Priscila Dias

É comum dentro da nomenclatura dos estudos de Hermetismo o uso do termo busca-dor atribuído ao estudante sincero que se propõe a encontrar com a Verdade Cósmica Existencial e desvendar os ensinamentos ocultos por Eras e Eras guardados e passados a um círculo restrito de discípulos confiáveis e com capacidade para suportar o peso dessas revelações.

O busca-dor está, como bem denota o nome, em constante busca, porém, quando essa se dirige às verdades esotéricas, ocultas e premissas nas Leis Universais, a cada encontro parcial, aumenta sua dor diante dos véus que se descortinam em sua visão. Por algum tempo, o estudante caminhará com a dor que, como tudo, se apresenta por uma polaridade: se, por um lado, a busca da Verdade traz sofrimento, desmorona as bases previa-mente construídas e os conhecimentos alicerçados. Por outro lado, o faz sentir UM profundo prazer cósmico e deleitar-se com a Luz da Verdade e o movimento em torno de si que gera a partir de sua graduação perceptiva.

Quando o ser passa de busca-dor a Peregrino, compreende que as verdades maiores são aquelas que mais violentam a estrutura sobre a qual caminha, mas, ainda assim, sente-se chamado a continuar, comungando de UMa certeza interna provinda de longínquas Eras, diante das quais o busca-dor, em algum grau, percebe que está em UMa antiquíssima viagem de exploração e peregrinação. Contudo essa percepção não exprime outro caminho, mas UMa Senda Real, que o possibilitará chegar diante da PORTA. Após TODO o percurso, conquistará a CHAVE, que o conduzirá ao objetivo maior e final: a Unificação com o TODO.

De busca-dor a Peregrino, há UM caminho e esse percurso apresenta-se ilusoriamente complexo, difícil, sofrido, durante o qual é importante o acompanhamento de Instrutores sinceramente comprometidos e preparados a instruir. Ao atingir o grau de Peregrino, o ser continua sendo um busca-dor e o será, até o ponto em que transcender a ilusão de Universo. Mas mesmo antes de atingir a reintegração com o TODO, o ser mais cientificado, peregrinará um tanto mais sozinho, ainda que possa auxiliar os demais a carregar o peso das verdades herméticas. É assim que consolidará a cada experiência seus conhecimentos e dentro de seu saber ver, instruirá a si próprio, apropriando-se da CHAVE e direcionando-se à PORTA DA LIBERTAÇÃO.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

As Preciosas Pedras do Caminho





Chega um ponto em que o buscador atinge um determinado grau de autociência que está sujeito a não suportar em sua memória tudo aquilo de que passa a ter percepção. Então, o caminho que precede esse ponto deve ser trilhado de forma que o ser vá solidificando uma base sobre a qual possa se sustentar e estruturar seu raciocínio. 

Nesse sentido, os Princípios Herméticos são as preciosas pedras que calçam a estrada do buscador sincero. Através deles, lança-se Luz sobre qualquer empecilho ou situação que possa ser vivenciada. Isso porque não há nada que escape a Lei e nesse Plano Manifesto tudo, ou quase tudo, perpassa pelos Princípios Herméticos.

Se diante de cada acontecimento que envolve o ser ele lançar  em exame os Princípios Herméticos presentes na questão, logo perceberá a veracidade de que eles estão em tudo quanto se manifesta, em menor ou maior grau e em diferentes níveis. 

Assim é que o ser pode se tornar mais centrado no caminho, compreendendo as causas e efeitos, as correspondências, os ritmos de tudo quanto acontece. Com isso é mais propício serenar a inquietude da mente e focar no objetivo maior.

Mentalismo, Correspondência, Vibração, Polaridade, Ritmo, Causa e Efeito e Gênero, são os 7 princípios da Verdade que se somam a cinco outros princípios ou bases, esses são resguardados, só os descobrindo aqueles que com dedicação buscam e são bem instruídos também.

Na verdade todos os princípios cabem dentro do primeiro que afirma: "O TODO é MENTE; o Universo é Mental." - O CAIBALION.

Os mistérios que envolvem a existência estão claros como o sol, a disposição de todos, porém, o acesso é ainda limitado, gradual e contínuo.






quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O Sonho da Semente




Com a concentração de uma Força, sob a ação de um Poder incomensurável, surge a semente. Por muito tempo ela se basta a si própria, dorme e deleita-se consigo mesma.

Em certo ponto, nasce em si uma nova percepção, algo do qual nunca havia se dado conta toma seu ser e ela sente um imenso espaço e nesse momento sua aparente visão se divide em duas. Uma parte quer ser sempre una. Outra quer mergulhar no infinito vazio para encontrar o que agora lhe é desconhecido.

A semente se impulsiona e há tantas possibilidades a serem manifestadas a partir de sua ação que, nascem numerosos brotos e ramificações, surge o tronco que sobe forte e determinado, galhos, ramalhetes, flores, frutos e novas sementes.

Para cada semente nascida, a história se repete. Sempre trazendo em sua formação: a concentração de uma Força, sob a ação de um Poder incomensurável. Traz com ela o registro energético de um incalculável desdobramento para assim tudo novamente iniciar.

Em cada galho, ramalhete, folha, as duas percepções iniciais vão se casando. Uma visão segue fragmentando cada etapa: a raiz se sente raiz, diferente do tronco, este por sua vez se difere de sua casca e galhos, esses se percebem diferente das folhas, dos frutos, das flores. Enfim, a cada momento que as possibilidades vêm se formando surge também uma autopercepção se segmentando.

A outra visão, aquela que desde o início não se fragmenta, segue acompanhando a primeira, conjugando cada etapa com ela, promovendo o elo de unidade em tudo quanto se manifesta, conectando cada ciente parte em busca de que semente, raízes, tronco, galhos, folhas, frutos, flores: seja Árvore.

Até esse ponto já é grande a reflexão, mas além disso há de se pensar que, se tudo se corresponde, esse elo se estende a todas as Árvores, a Tudo Quanto Há. Dessa forma então é que, em um grau extremamente mais elevado, unificada as diferentes percepções, alcança-se a Consciência Cósmica e Sabe-se que É uma só Força, Poder e Querer Superior, provindo de uma fonte Inefável. Esse É UM Grau ainda inconcebível, mas é lá que de fato a semente eternamente dorme, basta-se e deleita-se.



terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

O Eterno Agora




Quando se inicia a autociência do ser, cada aparente parte, ainda presa em si própria, vivencia-se como algo total e único. Com o tempo, devido a essa limitação estabelecida em se perceber – todo limite gera diferenciações – passa a notar que existem outras aparentes partes, e que estas parecem separadas de si próprio.


Conforme o expandir do ser, quanto ao seu âmbito mental, este sente e compreende que em tudo existem conexões, assim ele vivencia-se ligado com as outras aparentes partes. Com isso vem se integrando, aumentando o seu âmbito mental, e diminuindo a sensação de fragmentação. Elevando a sua Lucidez do micro ao macro, sobe a níveis mais universais, e entende que tudo é Um.


Toda a existência linear se concebe conforme intervalos de tempo estabelecidos pela mente, tais como segundos, minutos, horas, dias, meses, anos, décadas, séculos, milênios e Eras. Passado, presente e futuro, de uma forma aparente. Tudo que é visto sob uma perspectiva micro, dual e descontínua, diante do Eterno É realiza-se de forma instantânea, é como um simples piscar de olhos no infinito mar da existência. Para sentir essa verdade, é preciso transcender os polos de passado e futuro, expandindo a sensação do Presente até mergulhar no Todo. Em um primeiro nível do despertar a sensação do Presente , embora menos fragmentada, apresenta ainda um âmbito mental restrito.


Expandindo, Ampliando, ainda que muito difícil isto possa parecer, chega-se ao Eterno Agora, à Glória Divina.


Revisado por Arthur Buchsbaum.

A lamparina do estudante



Mais do que empreender um caminho de graduação perceptiva e ter cada vez mais próximo a mão, a chave capaz de conduzir o ser por um caminho de Libertação, constitui-se ao buscador da verdade o desafio de conviver com as pessoas que estão ao seu redor e lembrar-se de que essas não estão isoladas de si. Ao contrário, integram seu ser, não lhe sendo possível tão somente fugir delas. Cabe ao estudante do Hermetismo, aplicar seus ensinamentos em prol de ampliar sua percepção em direção a uma análise mais ampla.

O estudante diante do conhecimento pode fazer o que quiser: ignorar ou desprezar a tudo e a todos, pois esse é um direito próprio com base na legitima liberdade do ser. Tal possibilidade não fere a ninguém, pois todos são libertos, dentro daquilo que acreditam. Contudo, aquele que entende o chamado da Era e se coloca no lugar de instrumento do Grande Mestre, compreende que é através de uma cosmopercepção monista que se pode sentir verdadeiramente ao Todo. 

Com esta autociência, por certo, sente-se um peso nos ombros, uma responsabilidade maior  que o discípulo  passa a ter ao aplicar as Leis Universais e, a partir disso, orientar ao maior número possível de pessoas por esse caminho. Instruir, não é sinônimo de doutrinar, catequizar ou dogmatizar. Muitas são as formas de instrução, pois muitos são os meios pelos quais os diferentes seres aprendem. Assim, pelo exemplo, conselhos, por um texto, ou mesmo pelo grau de vibração podemos se levar “luz” a nós mesmos e aos seres ao nosso redor.

É assim que o estudante, ciente dos Princípios Universais, entendendo que o universo é mental, pode estar mais centrado em todos os eventos, analisando, equalizando, aprendendo a todo tempo. Em certo ponto entende que, por tudo aprender, tudo tem a ensinar. 

Porém, há de se ter o cuidado em não criar a expectativa de que está em suas mãos clarear a todos que o cercam. Bendita é lamparina que em uma mansão escura ilumina um quarto.


Conhecimento-Informação x Conhecimento-Sabedoria




A Mente não é o mesmo que Consciência, porque é composta de infinitas fragmentações perceptivas, que tendem a se identificarem como unidades discretas e localizadas. Por sua vez, a Consciência é absoluta, pois está presente em tudo quando há, transcendendo a todo e qualquer limite.

A este respeito, existe algo que pode passar desapercebida-mente pelo estudante, caso não examine a problemática da mente com a devida atenção: se existem limitações perceptivas e se essas determinam o transcorrer de um ponto a outro diante das informações atualizáveis na Consciência, o que acontece no preciso momento onde ocorre a separatividade? O que há no "meio" entre "o que foi" e "o que "é", entre "o que é" e "o que será"? Enfim, que coisa promove a precisa mudança capaz de promover a sensação de linearidade dos acontecimentos? Na verdade, é a incapacidade de a Mente perceber a continuidade da Consciência que promove uma percepção descontínua de tudo quanto há. A Mente utiliza-se, então, de um dos seus mais sofisticados recursos para elaborar as aparentes fragmentações: a memória, a qual existe para armazenar e classificar as partes que consegue reter e mensurar.

Quanto maior for o grau de memória do ser, maior é sua percepção quanto ao elemento diante do qual a mente está focalizada. Por exemplo, uma pessoa diante de uma "árvore" pode analisar a beleza de sua folhas, observar sua cor e formas, o tronco e os galhos. Mas, se nos seus registros mnemônicos constar que, quanto à determinada espécie, há certo tipo de solo e condições, relacionadas a maior ou menor exposição ao Sol, a pessoa terá condições de trazer à sua percepção muito mais elementos do que outra que desconheça tais aspectos. Isso tanto pode possibilitar maior liberdade como prisão. Nesse exemplo, existe um razoável nível de liberdade perceptiva, devido à focalização progressiva diante das características específicas da árvore, ligada, inclusive, ao conhecimento dos fenômenos naturais de causa e efeito relacionados ao crescimento do vegetal. Tais conhecimentos, quando aplicados como um estímulo à análise, mediante estudos por correspondência, comparação e contraste, podem elevar o conhecimento de um grau de informação para um grau de Sabedoria. Contudo, podem significar outro nível de prisão mental, na medida em que o ser utiliza um conhecimento, específico e localizado, de forma a limitar ainda mais sua percepção, determinando como total e verdadeiro o ponto de vista a partir do qual enxerga. 

Por isso é que há de ter cuidado com o conhecimento-informação adquirido e armazenado na mente, pois, nesse caso, a memória pode chegar a um limite em que, para continuar a agir, necessitará constantemente excluir e limitar grande parte do conteúdo registrado em relação a um objeto visto. Em relação ao Conhecimento-Sabedoria, quanto mais o seu acesso ocorre através da clareza intuitiva, mais tende a expandir-se em direção ao Infinito.